+ Artigo publicado na Revista 4 Rodas - www.4rodas.com.br

   G O L   M A D   M A X

Motor 2.0 com Turbo de Alta Pressão + Tração Integral, Cambio de Seis Marchas e Suspensão de Audi S2 = 0 a 100 Km/h em 5,6 segundos.

    De uma perua Audi, o Gol GT4 herdou o câmbio, tração 4x4, suspensão e assoalho .

     Ao lado, as rodas Audi pintadas de cinza, o motor com duplo carburador e o logotipo com marca do criador. --->

“A TRAÇÃO INTEGRAL E O CÂMBIO DE SEIS MARCHAS DO AUDI SÓ SERVIRAM NO GOL PORQUE AMBOS TÊM ALGO EM COMUM: O MESMO DNA”

     Pax et Bonum. O provérbio em latim estampado no emblema frontal abre passagem pedindo a paz e o bem. Quem está à frente só vê o Gol preto-fosco com cara de mau crescer rapidamente no retrovisor. Quando olha de novo, não está mais lá. Já passou empurrando por mais um coice de embreagem. Dirigir o Gol Hellbrügge GT4 é isso, um paradoxo de selvageria com suavidade. Até 3000, 3500 rpm, responde calmo, tranqüilo, sem engasgos ou vibrações exageradas. Mesmo em sexta marcha, tudo está calmo.

     Mas experimente agora o lado oculto: enterre a alavanca em quarta, grude o acelerador ao chão, sinta a pancada da cabeça no banco e veja o ponteiro engolir os números no conta- giros até 7 000 rpm. O motor vai gritando cada vez mais forte, na mistura do assobio agudo do turbo de enchendo de ar com o ronco de barítono dos cilindros trabalhando em alta. A velocidade cresce assustadoramente rápido. Encaixo a quinta e solta a embreagem de repente. A resposta é outro coice, que faz a cabeça socar o encosto novamente.

  

     Vou confessar: deu uma ponta de medo. “O carro é assim mesmo, áspero, tosco, 100% adrenalina”, diz ao meu lado o engenheiro mecânico Ricardo Hellbrügge, com a satisfação de quem criou um quebra-cabeça mecânico. Juntou o motor retrabalhado do Golf 2.0 com  câmbio e transmissão 4x4 da perua Audi S2 1994. E pôs tudo sob a casca de um Gol 1000.

     Aos 53 anos, Ricardo já havia dirigido Corvette e Porsche, mas queria algo mais bravo. “Queria adrenalina. Por isso pensei em fazer meu próprio carro, que tinha que ser pequeno e leve. Então pensei no Gol.”  Nos primeiros testes, o excesso de potência fazia as rodas patinarem. Foi quando teve a idéia maluca do 4x4, para ganhar aderência nas arrancadas.

     “Pesquisei desenhos e descobri semelhanças entre Audi e Gol. É o mesmo DNA. A mecânica do Gol deriva do nosso Passat, que é um irmão do antigo Audi 80”, diz Ricardo. Isso facilitou a instalação do câmbio manual de seis marchas e da transmissão controlada eletronicamente, que distribui de 25% a 75% do torque para os eixos. Com eles vieram suspensão e o assoalho da perua. A solução, então, foi cortar o piso do Gol e encaixar o da S2.

     Para saber se a idéia de Ricardo deu certo, levamos esse Frankenstein sobre rodas para pista de Limeira (SP). Nosso auxiliar de testes Jorge Luiz Alves bem que tentou, mas não conseguiu faze-lo queimar pneu. O 4x4 não deixa, mas retribuí com generosos 5,6 segundos para cravar os 100 Km/h. Idênticos ao Mitsubishi Evolution VII e só 0,1 segundo mais que a perua Audi RS42.7 biturbo.

     Claro, ajudou o motor que recebeu pistões, bielas e virabrequim forjados, turbo com pressão de até 02 bar e carburador Weber de corpo duplo. Por que o carburador? “Conhecia um preparador muito bom, mas que só trabalhava com carburador. Não quis arriscar fazer outro”, diz o engenheiro, que pretende depois converter o sistema para injeção eletrônica.

      Por falta de dinamômetro para 4x4. Ricardo não mediu a potência. Segundo seus cálculos, está em 500 cavalos. Mas do que adianta tanta potência se não parar com segurança? Então fizemos o teste de frenagem. Fez 80 Km/h  a 0 em 26,9 metros, próximo a RS4, com 24,9. E em linha reta. Aliás, é uma surpresa testemunhar que, parando ou acelerando, o GT4 mantém a trajetória . Nem precisa segurar o volante para mantê-lo na faixa. Algo difícil de acreditar num veículo que é metade Gol, em cima, e metade Audi embaixo.

     O capítulo chassi, explica Ricardo, também contou com um especialista que fez ajuste de estruturas para melhor rigidez e segurança. O monobloco é reforçado pelo santantônio, que liga as torres de amortecedor dianteiras, preenche o habitáculo e envolve o tangue de álcool – agora no lugar do banco de trás – até unir as suspensões traseiras. A dose extra de segurança está nos bancos concha e cintos de cinco pontos, ambos homologados para competição. “O GT4 pode até disputar provas”, diz.

     A essa altura você deve estar se perguntando: qual é a  máxima desse bicho? Bem, nós também queremos saber. Na véspera do teste na pista da GM, prazo final para o fechamento desta edição, o Gol teve problemas de alimentação e, segundo Ricardo, não haveria tempo para deixa-lo nas condições que a prova exige. Mas o teste já está programado e você deve conhecer o número na próxima edição.

     Empolgado pelos comentários que já ouviu, Ricardo pensa em produzir o GT4. Feito artesanalmente, levará seis meses para ser entregue e custará 240 000 reais, com possibilidade de personalização. Ele só não abre mão da sua marca. Criou até um logotipo próprio, com um H estilizado, do seu sobrenome. Consciente de que o GT4 é para quem não quer esportivos tradicionais. Ricardo se apropriou de outro provérbio latino no emblema traseiro: Non ducor, duco. Ou “não sou conduzido, conduzo”. Mais adequado impossível. 

No Gol Hellbrügge GT4, a bitola traseira cresceu 10
centímetros para acomodar o eixo maior da perua.

                

A segurança não ficou de fora: santantônio por toda cabine,
bancos concha de competição e cinto de cinco pontos.

                    

 

+ Fórum argentino criado para o GT4 - Tuning-On


+ Confira aqui os textos do grupo de discussão do yahoo sobre o GT4 - Listasers
 

"Fórum da Irlanda (em inglês) criado para o GT4"

 

"Fórum do Brasil sobre o GT4"

 


 

+ Confira aqui os e-mails recebidos pelo nosso website - Ver E-Mails